No fundo de nossos corações, quando damos tsedaká (dinheiro à caridade) - como nos sentimos em relação ao destinatário? É concebível que, dependendo das circunstâncias, às vezes o doador possa se sentir um pouco incomodado ao abrir mão de seu dinheiro. No entanto, a Torá (Devarim 15:10) nos exorta: “Vocês certamente devem dar-lhe, e que seus corações não se sintam mal quando derem a ele, pois em retorno, o Todo-Poderoso, seu D'us, os abençoará em todos os seus atos e em todos os seus esforços”.
A mensagem deste versículo é que o doador não deve se sentir incomodado, pois D'us irá abençoá-lo por sua benevolência.
Surge aqui uma interessante pergunta: por que a Torá inverte os papéis? É o homem carente - desprovido de fundos e sofrendo problemas financeiros - que precisa de uma bênção. Por que, então, D'us oferece uma bênção ao homem rico? Não seria suficiente, com vistas a aliviar o incômodo do doador, se Ele simplesmente o parabenizasse por estar realizando um ato magnânimo de justiça com o carente? A lógica diria: que o Todo-Poderoso abençoe o sujeito carente, permita ao doador manter sua riqueza e provenha a ambos com todas suas necessidades!
A resposta a esta questão é que a Torá está nos revelando uma verdade oculta: o ato de bondade não está sendo realizado pelo doador, mas sim pelo receptor! Porém, esta é uma noção contra-intuitiva: o que o carente está dando ao doador?
O raciocínio que a Torá vem nos ensinar é o seguinte: quando o doador é abençoado ao dar tsedaká - a fonte de sua bênção é o homem pobre. Se não fosse pelo receptor, nenhuma bênção viria ao benfeitor. O indivíduo pobre é a origem e a causa de D'us enviar Suas bênçãos ao homem rico.
Ao nos proporcionar ocasiões de realizar atos de bondade, D'us está nos dando a oportunidade de encontrarmos favor aos Seus olhos. Portanto, quando damos de nós aos outros, não devemos imaginar que os estamos ajudando. Pelo contrário: todas as bênçãos que o Todo-Poderoso quer jorrar sobre o benfeitor emanam do beneficiário. Como diz o Midrash: Mais do que o homem rico ajuda o pobre - o pobre ajuda o homem rico!
[Baseado no livro Ohr Rashaz, do Rabino Simcha Zissel Ziv (Lituânia, 1824-1898), conhecido como Alter de Kelm]
HOJE: Quando dermos caridade, imaginemos o destinatário nos abençoando.
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